Em
Mateus 8, a partir do versículo 23. É a parábola de Jesus em
que Ele compara o reino dos céus com um rei que resolveu
ajustar contas com os seus servos. Chega um que lhe deve dez mil
talentos, mas não tem como pagar. Seu senhor manda, então, que ele,
toda sua família e seus bens sejam vendidos como pagamento da
dívida. Desesperado, o servo prostra-se e pede paciência, perdão e
misericórdia. Diz a Bíblia: “O senhor daquele servo,
compadecendo-se, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida”.
Só
que o mesmo servo logo depois encontra um conhecido que lhe devia uma
quantia, o agride e exige que lhe pague. O conservo devedor
humilha-se e implora, pedindo paciência e perdão. Em vez disso, o
homem que havia sido perdoado pelo rei o lança na prisão. Ao tomar
conhecimento do ocorrido, o monarca manda chamar o homem, lhe recorda
do perdão que tinha recebido e o entrega aos carrascos, para que o
torturem até que pague toda a dívida. E Jesus conclui: “Assim
também meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada
um a seu irmão”. Segue a síntese da pregação:
“Essa
passagem deixa claro que perdoar é o único caminho para se
ter
saúde espiritual.
Quem não perdoa vive uma vida espiritual pobre e
moribunda. Quem não perdoa está morto diante de Deus em seu
coração. É como um sino que ressoa (1 Co 13.1): algo que faz
barulho, tem aparência e volume… mas não tem vida própria. Pior:
quem não
perdoa não será reconhecido por Jesus no último dia,
pois não está pondo em prática um dos fundamentos da fé cristã:
a certeza de que
o bem que quero que me façam devo fazer ao outro.
Se você gosta de ser perdoado, perdoe, para que haja saúde e sua
vida espiritual não se perca.
Para
perdoarmos biblicamente, é importante sabermos o que significa
exatamente perdoar. Romanos
12.17 nos dá a resposta:
“Não
retribuam a ninguém mal por mal. Procurem fazer o que é correto aos
olhos de todos. Façam todo o possível para viver em paz com todos.
Amados, nunca procurem vingar-se, mas deixem com Deus a ira, pois
está escrito: ‘Minha é a vingança; eu retribuirei’, diz o
Senhor. Pelo contrário: ‘Se o seu inimigo tiver fome, dê-lhe
de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber. Fazendo isso, você
amontoará brasas vivas sobre a cabeça dele’. Não se deixem
vencer pelo mal, mas vençam o mal com o bem”.
Não
devolver mal com mal. Vencer o mal com o bem. Eis a resposta. Pois
vingar-se significa vencer alguém mas deixar Satanás vencer você.
O
grande engano dos cristãos é achar que perdão é algo emocional.
Não é. Não tem a ver com “sentir” algo, mas com “fazer”
algo. O perdão está relacionado a atos e atitudes. É ação. É
agir como se o pecado nunca tivesse existido. As emoções, de
acordo com a Bíblia e o Evangelho, estão sujeitas à razão. Assim,
perdoar é um ato de sã consciência, é saber o que Deus quer. Se
eu não perdoo, simplesmente isso mostra que não sou alimentado pela
graça de Deus.
Então,
o perdão ocorre em duas etapas: Primeiro se perdoa racionalmente
(sabendo que
aquilo é necessário, que é a vontade de Deus). É uma decisão
mental, racional. O segundo passo são as ações. É não se alegrar
com o mal que quem lhe ofendeu sofre. É orar pedindo que Deus ajude
a pessoa que lhe ofendeu e que está em dificuldades. Mais ainda: é
procurar quem lhe ofendeu e se oferecer para ajudá-lo no que ele
precisa, com obras da graça e da bondade de Deus. E, por fim, é não
causar danos ou perdas a quem lhe ofendeu.
É
ao fazermos – ou não – tudo isso que demostramos quem de fato
somos. Se pensamos em nós e em cumprir o que nossa justiça manda
mais do que pensamos em Deus e na justiça dele, simplesmente estamos
pecando. Pois nada é imperdoável quando contamos com a ajuda de
Deus, nenhuma ofensa que nos fizeram é imperdoável. Tudo pode ser
zerado.
A
pessoa que não perdoa em forma de atitudes tem cheiro de diabo.
Satanás nunca estende a mão a ninguém e quem se recusa a estender
a mão está agindo como o diabo e, logo, é servo dele. Temos sempre
que lembrar: não perdoar só satisfaz e alegra… o diabo.
Se
dizemos que perdoamos nossos ofensores mas não retomamos a vida como
tudo seguia antes da ofensa… na verdade não perdoamos. Pois isso
mostra que ainda guardamos rancores, ressentimentos, medos, mágoas
ou sentimento do gênero. É perdoar de boca mas não por obras. E a
fé sem obras é morta. Fé sem perdão expresso em atitudes em prol
de quem nos ofendeu não é fé cristã.
Não
adianta eu saber orar se eu não souber perdoar. Minha oração não
será respondida (Mt 6.14,15). Pois, se estou em litígio com Deus ao
não perdoar meu próximo, o que posso esperar do Senhor? Nada.
A
natureza desse assunto é grave. Pois Deus é perdoador. E, se eu não
perdoo, não estou identificado com Deus. Não ando com Deus se não
perdoo como Ele perdoa. E o perdão de Deus é absoluto, é uma
quitação total da dívida e não parcial. O perdão verdadeiro
nunca põe seus próprios interesses acima dos daquele que precisa de
perdão (1 Co 13).
E
para que perdoamos? Primeiro, para ter paz com os
outros. Segundo, para ter paz com Deus (Mt 6.15).
Só
tem a mente de Cristo quem perdoa
A
renovação da mente de Romanos 12.2 passa por demonstrar perdão.
Pois só tem a mente de Cristo quem perdoa, esquece das ofensas e
retoma a vida a partir do ponto onde ocorreu a ofensa. Quem não o
faz não perdoou, não teve a mente renovada e não age conforme a
natureza de Cristo. É um cristão que não age como Cristo. Que Deus
nos ensine a perdoar e a praticar o perdão. Em cada situação e a
cada dia. Que Deus cure quem não perdoa. Pois a falta de perdão é
uma grave doença espiritual. Quem nasceu de novo tem obrigação de
perdoar.
Que
Deus nos perdoe da nossa demora em fazer o que Ele quer. Que Deus nos
perdoe por não perdoar. Podemos encontrar mil desculpas para não
perdoar, mas não perdoar aos olhos de Deus… não tem desculpa”.
Paz
a todos vocês que estão em Cristo,
Texto d'
Maurício
Zágari